papo+lean #032 - Coloque a fazenda no caminho certo

Paulo F. Machado
Henrique Z. Marques
Felipe Zumkeller Garcia

                Imagine que você está fazendo uma viagem de carro à noite. Primeiramente, você sabe para onde está indo e porque tem que ir para lá. Durante o percurso, você precisa estar muito atento para enxergar e reagir a todos os desafios pelo caminho, como buracos, curvas, caminhões e obstáculos. O farol do carro te ajuda a enxergar os próximos 80 metros e você reage de diferentes maneiras, desviando, ajustando a rota, freando e acelerando. A cada metro percorrido pelo carro temos um cenário de mais 80 metros adiante para reagir e assim nos deslocamos até o nosso destino.

                A gestão do nosso negócio é parecida com essa viagem de carro. Primeiro, necessitamos de uma visão a longo prazo de onde queremos chegar - uma ideia do cenário em que gostaríamos de estar no futuro. Por exemplo: “Termos um ambiente de trabalho feliz e engajador onde muitas pessoas querem trabalhar e sermos reconhecidos por produzirmos um leite de alta qualidade que atende todas as necessidades da indústria”. No entanto, a visão está distante e o caminho até lá é longo, muitas vezes obscuro e imprevisível. Desta forma, para permanecermos na rota correta, devemos constantemente entender onde estamos, definir o que vamos fazer no curto prazo (onde o farol ilumina) e reagir aos obstáculos.


                A “condição-alvo” deve ser bem definida e com um prazo bem mais curto do que a visão. Essa condição representa um desafio que vai além da capacidade atual dos nossos processos atuais e um passo mais próximo da visão.

’’Você tem que pensar nas coisas grandes enquanto está fazendo as pequenas, de modo que todas as coisas pequenas sigam na direção correta.’’ Alvin Toffler

                Digamos que na condição atual da fazenda, as vacas estão entrando sujas na sala de ordenha e isso nos distancia da visão, exemplificada anteriormente. Nesse caso, podemos determinar como uma condição-alvo “ter vacas limpas para ordenhar”.

                Nesse ponto, surgem os obstáculos, ou seja, tudo o que nos impede de alcançar a condição–alvo. Então é hora de concentrar todos os esforços em encontrar as causas raízes desse problema e definir o que deve ser feito para que a condição atual alcance onde queremos estar em seguida.  

                Dentro desse contexto, podemos definir que a melhoria contínua é esforçar-se todos os dias para atingir uma condição desejada próxima, entendendo o problema e utilizando a criatividade para solucioná-lo de modo a eliminar a complexidade.

 

 

 

 Dessa forma, devemos nos perguntar constantemente:

Onde estou está agora?

Onde quero estar em seguida?

Que obstáculos estão me impedindo de chegar lá?

                Uma lição importante é que não devemos gastar tempo fazendo o benchmark do que os outros estão praticando, já que as soluções adotadas por outras fazendas são apropriadas para as condições específicas delas. Por isso, o que faz uma fazenda ser competitiva e sobreviver não é a aplicação de tecnologias de ponta e as melhores ferramentas, mas sim a capacidade das pessoas que trabalham lá de entender os problemas e desenvolver soluções. Se solucionarmos pequenos problemas todos os dias avançaremos muito mais rápido e seremos mais competitivos.

                Por fim, não adianta termos poucos grandes projetos de melhorias, elaborados de forma pontual e esporádica. Esse modelo pode funcionar no início, com alguns resultados positivos. Porém, não gera mudança na cultura e nos hábitos das pessoas e, desta forma, não se mantém. A melhoria deve acontecer todos os dias, em todos os lugares da fazenda e ser adotada por todos do time.

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